sábado, 30 de abril de 2011




Eu peguei na mão do poeta e com a sua pena delicada desenhei o fogo da minha poesia.
Toquei as angústias das incertezas, e acendi o fogo do silêncio da resposta.
Beijei os lábios das cantoras vãs – deusas delas mesmas; vozes divinas em corpos pagãs – e nasceu o fogo das canções apaixonadas, enluaradas. Amásias sutis de versos perfeitos.
Amei os devaneios tontos dos amantes embriagados, e fiz o fogo das paixões ardentes.
Lambi as estrelas, como se elas fossem minhas crias mais primárias, e surgiram as faíscas do fogo que avisa os presságios às procelárias.
O Criador, que hoje se deixa fagulhar dentro de nós, teve forma de fogo.
Hoje etéreo e delicado. Antes fogo delgado.
As fagulhas Dele, que em nós vivem, são deuses retalhados fazendo fogo para manter acesa a chama das existências.
O Criador, que distribui em suas criaturas, as centelhas dos lumes do elemento que compõe o seu Ser.
Fogo que me ascende e me acende. Que me alimenta e sustenta. Que me aquece e me esquece.
Que em seu braseiro impiedoso é todo o colosso para a vida.
O elemento da sobrevivência e da destruição. E que dentro de mim é mais que o símbolo da paixão, é a graça necessária para a minha iluminação.
Sem ele tudo é escuro; sem sua combustão tudo é inexatidão. Escombros vazios, nos invernos maltrapilhos. Nada seria dos invernos sem o fogo. Lodo seriam as estações. Congelados seriam os corações.
Ferramenta poderosa que reluz em tambores sagrados e em pés queimados em volta de sua fogueira.
Fusão de todas as almas. Labaredas de todas as coisas. Veemência de todas as energias.
Ancestral opulento de sangue elementar, onde nem a modernidade e a sua magnificência, conseguiram apagar.
Eu toquei a Mandala com o coração e surgiu em mim o brilho do fogo que a compõe.
Rastros dos cernes que unem estados, tempos e essências.
Mandala de Fogo que, com ele, remete-nos às nossas reminiscências.
Aquecimento através do ardor. Fogo também é mandala e o seu torpor também é amor.

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